Você já deve ter escutado por aí sobre Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo. O fundador, presidente e CEO da Amazon ultrapassou a fortuna de Bill Gates esse ano e surpreendeu muita gente ao declarar que o PowerPoint seria banido das reuniões da empresa.
No primeiro momento entrei em choque - essa foi a forma sutil que encontrei para dizer que entrei em completo desespero!
Como assim o bilionário americano tão admirável queria assassinar meu filho PowerPoint? Eu havia acabado de criar o MINIMIZA.
Respirei fundo, meditei por 5 segundos (leia-se: fechei os olhos com raiva) e decidi ler a notícia completa no site da Inc.com.
O autor da reportagem é o Carmine Gallo, um dos maiores palestrantes do mundo. Foi então que, ao ler seu nome no cabeçalho, achei melhor levar aquela leitura a sério, afinal sou uma grande fã de Gallo.
Ao final do texto, vi que aquilo tudo fazia muito sentido e que eu estava ao lado do CEO da Amazon em sua decisão. Parecia que eu tinha sido abduzida pelo texto de Gallo e pelo discurso de Bezos em um espaço de tempo de 5 minutos.
Template-padrão pra quê te quero?
O PowerPoint contribuiu muito para a forma como nos comunicamos hoje, não há dúvidas em relação a isso. Entretanto, para ajudar àqueles que enfrentam dificuldades ou têm menos tempo para criar, "Tio Bill" criou os famosos template-padrão e, de brinde, vieram os bullet points (marcadores), fontes tradicionais e elementos sem graça.
Apesar de Tio Bill querer ajudar, fez com que todos estruturassem suas apresentações da mesma forma, já que havia um padrão a ser seguido. Décadas depois de sua criação, profissionais do mundo inteiro continuam usando o PowerPoint de forma incorreta e sem um pingo de criatividade.
Histórias vendem mais que ideias
Ao seguir a estrutura padrão do PPT, deixamos de lado a estrutura narrativa da apresentação. Sabe o que isso quer dizer? Você esquece de contar uma história, já que precisa preencher os marcadores com frases soltas.
E você sabe o que acontece quando não contamos uma história? As pessoas esquecem do seu conteúdo em um piscar de olhos.
A estrutura narrativa é muito mais eficaz que o PowerPoint em si.
O pensamento de Bezos
A ideia de Jeff Bezos é simples: os participantes de determinada reunião têm 30 minutos para ler uma espécie de ata com até seis páginas, preparada previamente pelo "dono" da reunião. Depois disso, todos começam a discutir cada um dos tópicos em pauta.
Quanto tempo demoramos para ler seis páginas? Dez minutos... talvez quinze? Imagina se o dono da reunião apresentasse um conteúdo de seis páginas em forma de slides antes de começarem a debater e pensar em soluções. Quanto tempo isso levaria? Pelo menos o dobro, eu imagino.
Essa parece ser uma solução muito radical, mas vindo do homem mais rico do mundo, precisamos pelo menos ouvir o que ele pensa, certo? Bezos tem três razões para pensar que o PowerPoint não é eficaz em suas reuniões:
Razão 1: nosso cérebro é uma espécie de fio condutor de narrativas
O que prende a sua atenção? Um vídeo no Youtube prende sua atenção por 10 minutos. Um filme no cinema em torno de 2 horas. Um livro consegue sua atenção por semanas inteiras…
O que esses exemplos têm em comum? Todos contam uma história.
Só uma história bem estruturada com início, meio e fim consegue fazer com que você pisque menos os olhos. Precisamos lembrar que o roteiro de uma apresentação deve ser tratado da mesma maneira que você é apaixonado pelo roteiro do seu filme preferido.
Razão 2: Histórias são persuasivas, slides não
Você precisa entender, de uma vez por todas, que você tem que dominar o slide e não o contrário. Pode parecer estranho, mas pense que o slide é a sua muleta, é só um apoio caso você precise de uma ajuda em determinado momento.
A partir do momento em que você coloca todo o seu conteúdo em um slide, sua presença passa a ser inútil (desculpe pela palavra agressiva, mas quero chamar sua atenção para essa questão) e, ao invés de prestar atenção em você, todos vão ler seus slides e não estarão ouvindo as histórias que você conta.
Razão 3: Bullet points são a forma menos efetiva de compartilhar ideias
Nesse ponto o Sundar Pichai, CEO do Google, concorda 100% com Bezos. Escrevi sobre isso em outro artigo, em que expliquei porque Pichai proibiu o uso de bullet points. Se ficou curioso com essa razão, é só ler meu artigo clicando aqui.
A verdade é que nós vivemos de histórias!
As que contamos para amigos, familiares e netos. Histórias da época da faculdade, das festas, das namoradas, das viagens.
A narrativa é a forma como nosso cérebro melhor retém uma informação, mas os bullet points são como frases soltas que não conectam nosso pensamento do ponto A ao ponto B.
Agora você concorda com Jeff Bezos? Faz sentido para você?
Texto escrito por:
Laís Vargas, co-fundadora do MINIMIZA
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